terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A PESSOA HUMANA A CAMINHO DO NASCIMENTO

A humanidade, diz Maurice Zundel, ainda não nasceu. "O ser humano é chamado a nascer em sua humanidade. Será que a existência humana vai além de nosso corpo, nossas glândulas, nossos genes, nossos ossos, nossos nervos, de nossa hereditariedade, além do meio no qual estamos enraizados?"
É preciso se dizer: "Sim, é verdade, eu sou frágil, feito do barro, uma pedra, um vegetal, um animal e é normal que eu ressinta o que se passa neles. Não se deve escandalizar ou se lamentar. Trata-se de compreender nossas paixões, caridosamente, maternalmente", acrescenta Zundel. E evitar desprezar a si mesmo, ao ponto de se negligenciar, de se viver na desordem ou na sujeira. Acontece até, infelizmente, que homens e mulheres se destroem, desaparecendo debaixo da condição animal, através da raiva, ou violência, humilhando, torturando, massacrando...
Para que a nossa humanidade nasça, um espaço de segurança é necessário. "Ouçamos o grito da mulher pobre: 'Como que vocês querem que eu pense e que eu medite diante de minhas panelas vazias, com 5 filhos para sustentar?' Esse grito revela toda a angústia de um ser que necessita de um espaço de segurança, para tornar-se, ele mesmo, um espaço de generosidade." Entretanto, nos adverte Zundel, a pior hipocrisia seria se apropriar de qualquer objeto, comida, roupa, mais que o necessário, sob o pretexto de se tornar um espaço de generosidade.
Há circunstâncias onde o indivíduo só pode procurar sobreviver, procurar comer e beber, se proteger, se esconder, fugir. É impossível a Deus de se revelar no ser humano se este está embrutecido pela fome, pelo cansaço, pela angústia, pelo desespero. É por isso que o primordial daqueles que exercem uma responsabilidade na sociedade, consiste a velar que nenhuma pessoa encontre em tal situação. Trata-se de se fazer com que todos, com que cada um, tratado segundo a honra que requer sua qualidade de filho de Deus, possa, além das necessidades físicas satisfeitas, atingir o universo da pessoa. Porque faz parte da natureza do homem ultrapassar sua natureza. Quando o padre Kolbe decide morrer, todo o campo de concetração fica maravilhado, impressionado e, mesmo os torturadores não podem impedir desse grito de admiração: "Nunca vi nada igual!" A pessoa humana é um animal, mas que percebe que não é mais um animal. Fazer a experiência de nossa humanidade, ser homem e encontrar a Deus é a mesma coisa. A pessoa humana só é humana quando ela é além de si mesma.
QUAL DEUS? E NÓS, QUEM SOMOS?
Cartilha de preparação do Retiro de 2013.
Irmandade do Servo Sofredor. (ISSO)

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