quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

PREPARANDO O NATAL

Durante quatro semanas, a Igreja nos prepara para celebrarmos o nascimento de Jesus Cristo. Embora distante no tempo, o Natal de Belém, é um acontecimento atual, porque o Senhor Menino continua nascendo entre nós cada dia, a cada instante, nos gestos de amor, nos testemunhos de justiça e nos sinais de fraternidade, até o fim da história. Ele veio ao mundo para revelar o Pai e propor que os seres humanos vivam como irmãos; para fazer-se presente entre nós, na medida em que a convivência humana se enriquece com relacionamentos fraternos. Infelizmente a humanidade tem sido lenta na aprendizagem dessa virtude, pois ainda soletra mal a cartilha da fraternidade. Mais de 20 séculos de civilização cristã não bastaram para a terra tornar-se o berço da reconciliação universal profetizada por Isaías, mundo em que o cordeiro e o lobo são amigos e as criancinhas não se envenenem ao brincarem com a serpente.
Dia 25 deste mês, festejamos o nascimento de Jesus. É uma solene data no calendário litúrgico, assinalada por uma celebração que toca muito o coração das pessoas, mesmo o das que não se pautam pelas propostas da Igreja. Entretanto toda celebração da fé implica um compromisso. Não se pode, portanto, comemorar o Natal numa sociedade onde se encontrem seres humanos miseráveis, que buscam sobras de alimentos em torno de mesas fartas e árvores carregadas de presentes, à vista de gente que nada possui. Atrás da cortina sonora das músicas natalinas, ouvem-se ainda os gemidos dos pobres, os preferidos do Menino de Belém. Tamanha desigualdade nega o Natal. É possível celebrá-lo num contexto tão contrário ao projeto de Deus?
A Igreja nos oferece o Advento para apressarmos a conclusão do reino messiânico inaugurado por aquela criança nascida pobre, na humildade de uma gruta.
Dom Geraldo Majella Agnelo
Cardeal Arcebispo de Salvador.

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